A Fogueira de Xangô – O Orixá do Fogo

Texto divulgado no Facebook por Guerreiro Funfun Elejigbô no dia 24 de junho de 2016

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Prezados Irmãos,

Respeitando o sincretismo que ainda é muito presente nas religiões de matriz africana e afro-brasileira, bem como respeitando a fé e a tradição dos nossos antepassados, pelo mês de junho, onde a maioria dos terreiros fazem suas homenagens e louvação ao Rei Xangô, segue a nossa homenagem. Kolofé irmãos, axé!

Segundo a mitologia africana o orixá Xangô (Sàngó – o deus do trovão) teria sido o quarto Alàáfin (rei) da cidade de Òyó, na atual Nigéria, após destronar seu irmão Dadá Ajaká conhecido pelo seu caráter calmo, pacífico e paciente, o oposto de Xangô com caráter guerreiro, desbravador, justiceiro, o que cuspia fogo pela boca.

Dadá Ajaká depois de destronado passou a usar uma coroa pequena de búzios o Adê Baiani (adé baáyàni coroa de Dadá), foi exilado e reinou na cidade de Igboho, vizinha de Òyó.
O trono de Òyó já pertencia a Xangô por direito, pois seu pai, Òrànmíyàn, foi o fundador da cidade e de sua dinastia dos Obás; o poder de Xangô é a sua síntese, Xangô nasceu do poder e morreu em nome do poder. Xangô é o rei entre os reis, mas não existe hierarquia entre os Orixás, com exceção do orixá funfun mais velho, o maior, o Rei e o patriarca das religiões de matriz africana – Oxalá.

Nesta ordem de ideias, Xangô foi um dos reis mais poderosos dos impérios iorubas, acumulou muitas riquezas, usava a coroa Adê Alàáfin ou coroa real de Òyó com pedras preciosas, além de suas ferramentas rituais, como o Xerê (espécie de cabaça usada como chocalho para evocar Xangô), o Edún Àrá (pedra de raio, um tipo de otá encontrado em locais atingidos por raios e usado nos assentamentos de Xangô, e também para confeccionar o seu machado), o Oxê machado de lâminas duplas iguais e/ou dois gumes (feito em madeira, pedra, latão, cobre, bronze e prata) voltadas para lados opostos, demonstram a qualidade de divisão entre os opostos (como exemplo Ajaká e Xangô), a própria formação da dualidade tão característica de nosso mundo, dos seres humanos e o perfeito equilíbrio dinâmico entre esse oposto, representa o senso de justiça, o equilíbrio, que tanto pode ser usado para vencer a batalha de maneira justa, como pode ser usado para saciar a sede de vingança nas batalhas contra os inimigos, mas na sabedoria do Obá de Òyó – Xangô, os dois Oxês são usados como ferramenta de mão, lembrando a justiça, o direito e seus 12 ministros.

O Oxê também é usado com sua paramenta de rei o Adê Alàáfin (coroa), assim como as suas vestes na cor vermelha e branca e nas suas contas; o vermelho do fogo está associado à nobreza, a realeza da qual Xangô pertence e, o branco associado a Oxalá, a paz tanto esperada após as guerras para que se faça a justiça, o equilíbrio e a igualdade de direitos.

O alàáfin Xangô reinou em Òyó durante sete anos e após a sua morte, Dadá Ajaká reassumiu novamente o trono em Òyó, conseqüentemente na linha de sucessão após a morte de Dadá Ajaká seu filho Aganju, neto de Òrànmíyàn e sobrinho de Xangô, – Aganju tornou-se o quinto Aláàfin de Oyó.

A Fogueira de Xangô é uma cerimônia realizada nas casas de candomblé, por fazer parte originalmente do culto africano para homenagear seus deuses relembrando a sua ancestralidade. A cerimônia consagrada ao culto de Xangô, assim como de Airá, remete através do fogo a realeza e a nobreza dos orixás citados como os Obás, a cerimônia é divida entre o interior e exterior do Ilê, Abassá ou Casa: a fogueira na parte externa do barracão onde os Orixás fazem sua homenagem aos reis, passando ao redor e, no culto realizado no interior do barracão com danças típicas de cada orixá convidado para a sala de candomblé, para as devidas louvações e homenagens, neste culto os zeladores rodam o Amalá de Xangô, no sentido de chamar para a casa e para a vida de seus filhos e adeptos, a saúde, a paz, a harmonia, a justiça e, demais axé positivo que possui a cerimônia do Alàáfin de Òyó – Xangô.

Os elementos de Xangô são o fogo, os raios e as formações rochosas, seus domínios são o alto das montanhas rochosas, as pedreiras, a justiça, o seu ajeum é o amalá e o acarajé (bolas de fogo) frito no azeite de dendê, com exceção de Airá que no Brasil foi incorporado ao culto de Xangô, o ajeum de Airá também é o amalá e o acarajé é frito no azeite doce, assim como suas vestes é no branco, nas suas contas o branco prevalece mais do que o vermelho, seu Oxê, o Xerê, o Adê Alàáfin (coroa) em latão prata, lembrando sua estreita ligação com Oxalá. O dia da semana consagrado a Xangô deus da justiça e do fogo, um dos mais belos Orixás cultuado em todas as nações do candomblé e da umbanda é a quarta-feira.

Káwò ó o Kábiyèsí le! Salve o Rei, Que venha o Rei! “Permita-nos olhar para Vossa Alteza Real!”

“A oração saúda o Rei dos trovões, como sendo Aganju, o Alafin de Oió, filho de Ajaká e sobrinho de Xangô. Yemanjá Iamassê considerada sua mãe é quem revela aos mortais, que a pedra de raio, símbolo do seu poder, é encontrada ao pé de uma grande árvore. O brilho dos raios e o barulho dos trovões lembram que Aganju vigia do Orum, terra dos ancestrais, seus súditos fiéis”.
À frente do cortejo estava Ogum, a quem cabe a primazia, logo após Exú, de ser o primeiro louvado. Logo após. Xangô Airá, todo de branco, exibia dois oxés prateados e uma coroa também de prata que reluzia, dando majestade ao patrono da casa. Logo a seguir deste mais três Xangôs, todos portando seus oxés, porém desta vez de cobre, seguidos de Oyá, Oxum, Obá e fechando o cortejo Oxaguiã. Começa então os louvores ao orixá do fogo….ao ouvirem os atabaques,os quatro Xangôs levantam-se precedidos pelo mais velho, ou seja, Xangô Airá”.

Fonte: A Fogueira de Xangô – O Orixá do Fogo
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