Homenagem ao Prof. Dr. Babalorixá José Flávio Pessoa de Barros

Postado na Fan Page do Facebook Por amor ao Orixá no dia 23 de agosto de 2016

 

Foto : Por amor ao Orixá - Prof. Dr. Babalorixá José Flávio Pessoa de Barros
Foto : Por amor ao Orixá – Prof. Dr. Babalorixá José Flávio Pessoa de Barros

 

 

Prof. Dr. Babalorixá José Flávio Pessoa de Barros

José Flávio nasceu no Rio em 25 de janeiro de 1943. Era advogado, antropólogo, professor, escritor e sacerdote de culto. Foi autor de obras como Galinha D´angola, Ewé Orixá, Olubajé o Banquete do Rei, A Fogueira de Xangô, entre outros.

Foi iniciado por Mãe Nitinha de Oxum há 35 anos atrás. Era descendente portanto do Ilê Iyá Nassô, mais conhecido como a Casa Branca do Engenho Velho, uma das mais tradicionais Raízes de Ketu.

Zelador de Santo, José Flávio dirigia o Ilê Axé Omim Iwyn Odara, em Cachoeiras de Macacu há cerca de 15 anos. Uma Casa especial.
O candomblé ali era sempre muito lindo, assim como a tradução do nome daquele Templo: “Casa da Força das Águas e dos Lindos Espíritos das Árvores”.

Cercado de árvores, o Ilê Axé Omin era também um pólo cultural e de resistência ancestral.

Junto com o Candomblé, o Ilê Axé Omin divulgava e valorizava outras expressões culturais como o jongo, a pintura, o artesanato e o canto, este celebrado pelo lindo coral Iyún Asè Orin, organizado pela dona da voz mais linda do Candomblé Lucinha Pessoa, esposa de José Flávio.

Era sempre bom chegar no Ilê Axé Omin e ser recebido pelo amigo José Flávio. Grandes e boas conversas tivemos em meio às esculturas lindas que ornavam as paredes brancas do Barracão.

Ao fundo, tínhamos o som das águas do Rio Macacu, que abraçava o terreiro, margeando seu entorno.

O mesmo Rio Macacu que saciou a sede os fugidos na época da escravidão, beijava a terra do Ilê Axé Omin, como que abençoando sua existência, e fertilizando sua jornada.

Como em Cachoeiras faz frio, nossas prosas eram regadas ao chá gostoso feito pela Mãe Lucinha, Iyalê da Casa.

Como era bom divagar e dividir nossas teses sobre a Religião dos Orixás, conversar sobre tudo que nos chateava e tudo aquilo que entendíamos que era necessário fazer.

Mãe Lucinha dizia que dava gosto ver agente conversar… “É conversa pra mais de metro. É assunto que nunca termina”. – falava entre sorrisos.

Ela apelidou a dupla faladeira de “Adaguinha” e “Setinha”, fazendo alusão às ferramentas dos nossos Orixás: a adaga de Oguiã de José Flávio e a seta do meu Jagun.

Naquelas prosas combinávamos projetos, alinhávamos eventos, palestras, temas para debates e ações políticas necessárias para o Povo de Axé.

A última vez em que Oguiã de José Flávio virou, foi na festa do Pilão do ano passado. Meu pai Jagun também vestiu e saiu no cortejo.

A última palestra feita por José Flávio, exatamente há um mês, em 30 de abril, foi na Casa de Mãe Torodi de Ogun. Também tivemos a honra de dividirmos a mesma mesa de debates.

José Flávio foi colunista do Programa Orí, fazendo semanalmente o quadro “Contando um Canto” com muita alegria para nós e para os nossos ouvintes.

Ao final do programa, íamos esticar a conversa no churrasquinho de rua na saída de Pilares na beira da Linha Amarela. Só saíamos de lá quando Mãe Lucinha ligava dizendo que já estava tarde…

Viajamos juntos, palestramos juntos, militamos juntos, fizemos rádio juntos. José Flávio foi nosso amigo, compadre e grande incentivador.

Sua obra engrandeceu o Candomblé e ajudou a construir uma nova via. Solidificou com suas pesquisas e sua Obra a importante vertente da seriedade, do resgate dos ritos, do amor aos Orixás, enfim da valorização da ancestralidade, que gostava sempre de frisar.

Em 30 de maio de 2011 o mundo espiritual se encheu de alegria ao receber o Babalorixá José Flávio Pessoa de Barros.

“José Flávio Pessoa de Barros fez nossa Religião melhor.”